segunda-feira, 9 de novembro de 2009

O Dorminhoco


O Dorminhoco (The Sleeper) - 1973
Woody Allen

Woody Allen é um dos diretores mais respeitados da atualidade. E não é por acaso. Um simples comediante de stand up comedy acabou se tornando um diretor brilhante que aborda temas bastante atuais e específicos. Durante toda sua carreira foi diretor de mais de 40 filmes, entre eles dramas, inúmeras comédias, filmes de época, suspenses e outros gêneros.
Em O Dorminhoco, Woody já começa tratando de uma temática científica: Miles Monroe (Woody Allen) ficou congelado por 200 anos e acorda em73 e já tem a missão de derrubar o governo da época. Como na maioria dos filmes de Woody, seu personagem é um ser confuso, que acha que teve o maior azar do mundo; "I can't believe this!" deveria ser considerado um jargão desse diretor/ator. Junto com Diane Keaton, que foi sua parceira na ficção e realidade; e que realizaria dezenas de filmes junto com ele, é a mocinha de sua aventura.
Com certeza, O Dorminhoco, foi um filme que Woody Allen teve a oportunidade de se aperfeiçoar e perceber as mudanças que faria daí pra frente. Comparando com seus outros filmes, O Dorminhoco é uma obra fraca, algumas vezes até entediante. Vale a pena ser conferida para perceber como o diretor consegue progredir em tão pouco tempo e fazer, logo após, filmes como "A Última Noite de Bóris Grushenko" e "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa". O que deixa o filme com a sensação de "deixar a desejar" é que conseguiu ser inferior ao filme "Bananas" (1969), que mesmo com a proposta de sketchs (pequenas sequencias de piadas), acaba sendo bem mais interessante e engraçado que "O Dorminhoco".




sábado, 12 de setembro de 2009

Noir de Billy Wilder

Pacto de Sangue (Double Indemnity) - 1944
Billy Wilder

Billy Wilder é um diretor de muitas faces. Contribuiu para o cinema com comédias, suspenses, dramas, filmes noir etc. Muito versátil e aclamado por vários filmes, de diferentes gêneros. Formado em jornalismo, trabalhava para um grande jornal de Berlim quando começou a carreira como roteirista em 1929. Mudou-se para os Estados Unidos e lá recebeu ajuda de Peter Lorre para entrar de vez no mundo do cinema. Desde então muitos dos seus filmes se tornaram clássicos, como: Quando Mais Quente Melhor, Crepúsculo dos Deuses, Pacto de Sangue, Se Meu Apartamento Falasse etc.

Pacto de Sangue é um de seus mais aclamados filmes, tanto pela crítica, como pelo público. Chega até mesmo a ser considerado como o melhor filme noir de todos os tempos. Recebeu 7 indicações ao Oscar, incluindo melhor filme.
Walter Neff e Phyllis Dietrichson se envolvem durante uma visita de trabalho feita por ele, para renovar uma apólice de seguros. Com o passar do tempo, Neff descobre que Phyllis planeja matar o seu marido e ficar com seu seguro de vida. Os dois se juntam no plano, acreditando que tudo dará certo. O filme todo é narrado por Neff em flash backs.

Neste filme, Wilder conserva as características que os tornaram tão respeitado. Suas tramas são agéis, envolventes e com ótimas atuações. Apesar do filme ter sido indicado também ao Oscar de melhor atriz para Barbara Stanwyck, a atuação de Edward G. Robinson como outro agente de seguros é brilhante. Convincente e seguro de si, o personagem chama o espectador a envolver-se junto a ele na solução do caso Dietrichson. É um noir respeitável, mas existem outros acima deste, apesar de muitos críticos não concordarem. Um exemplo é Assassinos de Robert Siodmak, um filme cheio de reviravoltas, em que o papel de mocinho e vilão se confudem a todo momento.

Pacto de Sangue é um filme muito importante para o cinema. Seja pela consagração definitiva de Billy Wilder como um grande cineasta, seja pela classificação deste filme do maior noir de todos os tempos.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Do Mundo Nada Se Leva


Do Mundo Nada Se Leva - You Can't Take It With You

EUA (1938)

Frank Capra

Do Mundo Nada Se Leva é um dos filmes bastante característicos do diretor Frank Capra, considerados por muitos, como um de seus melhores filmes, ao lado de A Felicidade Não Se Compra (1946).

Tony Kirby (James Stewart) é filho de Anthony Kirby (Edward Arnold), um rico empresário que pretende expandir seus negócios, comprando uma grande área no subúrbio de Nova York. O grande problema se encontra no fato de que apenas uma família se rejeita a vender a casa, que é justamente da namorada de Tony, Alice Sycamore (Jean Arthur). A partir daí, os dois precisam saber lidar com diversas situações para conseguir ficar juntos.

Do Mundo Nada Se Leva carrega uma das principais características de Frank Capra: o modo positivo de analisar a vida. Capra, que é considerado um dos cineastas mais importantes da história do cinema, leva seus filmes com uma leveza e sutileza bastante peculiares. A maioria de seus filmes tenta passar uma mensagem positiva ao público. Tentando fazer com que haja uma reflexão sobre suas prioridades, modo de ver a vida, relações etc. Quem chama atenção para isso em Do Mundo Nada Se Leva é o Vovô Martin Vanderhof: o principal opositor à venda da casa à família Kirby.

Por este filme, o diretor recebeu 5 indicações ao Oscar: nas categorias de Melhor Atriz Coadjuvante (Spring Byington), Melhor Fotografia, Melhor Edição, Melhor Som, Melhor Roteiro, Melhor Filme e Melhor Direção. Mas levou 2, que são os mais cobiçados da premiação: Melhor Filme e Melhor Direção.

Com certeza, esta é uma obra prima do cinema. Um filme atual (em nenhum aspecto parecer ter 71 anos), bem trabalhado, de fácil compreensão, engraçado (uma comédia única, de um diretor que sabe como transformar as mazelas do ser humano em risadas, sem ser forçado ou piegas) e que transmite uma mensagem belíssima ao espectador, seja jovem, adulto ou idoso.

terça-feira, 7 de julho de 2009

O Nacimento De Uma Nação

O Nascimento De Uma Nação (The Birth Of A Nation)
D. W. Griffith

Não tenho nenhum problema em assistir filmes mudos e/ou preto e branco, mas confesso que "O Nascimento De Uma Nação" foi um desafio. Além de ser mudo e p&b, tem mais de 3 horas de duração. E pode-se dizer que são 3 horas muito bem representadas.
Muitos filmes coloridos e falados me deixaram com um tédio incrível, o que não aconteceu com esse. De fato, é um filme tenso, que assusta mesmo depois de mais de 90 anos de produzido.
Ao longo do filme, tentava buscar uma comparação com algum filme atual. E cheguei à esta: O Nascimento De Uma Nação, pra mim, é como se fosse Apocalypse Now do cinema moderno. Não que o roteiro seja parecido ou a temática, mas a aflição, o medo, a tensão que o filme causa.
The Birth Of A Nation foi considerado um filme altamente racista: aponta o negro como a causa de muitos problemas na época da reconstrução americana apóa a guerra civil. E claro, o branco como mocinho e herói da história. Ou melhor, a Ku Klux Klan, como a grande salvadora da sociedade americana.
Até que ponto Griffith acreditava realmente nisso não é possível saber. Mas em 1916 fez um filme como resposta às críticas chamado Intolerância (1916).
Vale lembrar que o filme é baseado em uma obra chamada The Clansman, de Thomas Dixon, que era, por si só, altamente racista. Fica a dúvida se O Nascimento De Uma Nação era tão fiel à obra literária ou se fazia parte do ponto de vista do diretor.
Fora este aspecto do filme, há uma série de inivações que o fazem como ponto inicial das grandes produções hollywoodianas: os primeiros close-ups faciais, a primeira trilha sonora orquestrada, cortes rápidos e câmeras em movimento. Vendo hoje, em 2009, o movimento de câmera parece completamente adequado às filmagens da nova safra de cinema (e dos antigos também que sofreram sua influência).
É um filme único, polêmico e, por vários aspectos, assustador.

domingo, 17 de maio de 2009

Noites Brancas


Noites Brancas (Le Notti Blanché)
Luchino Visconti - 1957
Maria Schell, Marcello Mastroianni e Jean Marais.

Noites Brancas, é um romance do escritor Fiódor Dostoiévski, que Visconti trouxe pro cinema. Não sou muito a favor de ver o filme e só depois ler o livro, mas foi o que aconteceu com Noites Brancas. Um filme que faz pensar sobre o que realmente vale a pena: permanecer com quem está ao seu lado em todos os momentos ou negar tudo e arriscar um romance com um "desconhecido".
Mario (Marcello Mastroianni) se apaixona por Nathália (Maria Schell), que por sua vez, está apaixonada pelo estranho que fica hospedado em sua pensão (Jean Marais). Em nenhum momento do filme é mencionado o seu nome, o que nos dá a idéia de como era a relação da moça com ele.
Mais do que um triângulo amoroso qualquer de um filme de romance, o caso dos três é incomum pois não há rivalidade explícita entre Mario e o Inquilino, a não ser por Mario se apaixonado por Maria. Não há encontro em que os dois briguem pelo amor da moça. Mas a confusão mental de Nathália já faz este papel.
O filme mostra os dois lados do amor: o presente e aquele em que não existe o contato diariamente. Um momento que me chamou atenção foi a conversa de Nathália e Mario sobre o que é a fantasia e como nós deixamos que ela entre e faça parte da nossa vida.
Vale a pena assistir o filme porque além de ser conquistador, tem um lindo cenário e uma bela fotografia.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Fritz Lang


Para ser diretor de cinema, é importante que se tenha versatilidade. Versatilidade no sentido, dentre muitos, de saber dirigir de uma comédia ao suspense, sem perder seu toque pessoal. Por exemplo, um diretor que é bem característico é Stanley Kubrick. Cada detalhe de seus filmes são únicos, tem um pouco de sua caractetística como diretor.
Esse fim de semana, assisti mais um filme de Fritz Lang. Apesar de ter uma vasta filmografia, ainda não vi muitos de suas obras. Mas Metrópolis e Os Corruptos são, com certeza, filmes inesquecíveis e que todas as pessoas deveriam ver. E com esses dois filmes, ficou claro como esse é um diretor versátil e consegue transmitir, mesmo subjetivamente, o seu ponto de vista.
A contradição de capitalistas e proletários, corrupção, os hábitos condenáveis da sociedade moderna: a excessiva preocupação com bens materiais, com a aparência, enfim, com o superficial. É um daqueles diretores que deixa um pouquinho de si no que faz. Tanto na sua obra prima, quanto nos seus menores e menos conhecidos filmes.
É importante que o diretor saiba caminhar por vários gêneros, para não ser caracterizado por uma única obra ou estilo. E para que não deixa o espectador com aquela sensação de que já viu alguma coisa parecida. Ou então, mesmo que seja "parecido", que o espectador sinta que há pelo menos uma característica que o destingue dos demais filmes, que se torne inesquecível.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

O Pântano



O Pântano é um filme argentino de 2000, dirigido por Lucrecia Martel, vencedora do prêmio Alfred Bauer, no Festival de Berlim, para diretores estreantes.

Mecha e Tali (Graciela Borges e Mercedes Morán, respectivamente), são primas que se encontram em situações bem diferentes. Mecha tem um marido ausente e filhos adolescentes, enquanto Tali tem um marido mais presente e filhos pequenos. Com alguns acidentes e incidentes, começam a se aproximar de novo.

Quando se tem um filme em espanhol, é comum persarmos em alguns aspectos tradicionais, principalmente aqueles usados por Almodóvar ( rica trilha sonora, homossexualismo e violência), mas O Pântano é um diferencial nesse aspecto. O filme mais se parece com uma filmagem despreocupada do cotidiano das duas famílias, quando estão juntas ou separadas.

As relações dos personagens são bem subjetivas, como a relação quase de incesto entre os filhos de Mecha. A atmosfera do filme não é alegre, e em nenhum momento a diretora parecer querer que a alegria tome conta do filme. Como disse, é realmente uma relação de família que se aproxima bastante da realidade.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Brazil


Brazil é um filme de 1985, que como muitos, faz crítica à sociedade, ao american way of life e o individualismo da sociedade moderna. Apresenta traços de Laranja Mecânica, mostrando a coerção daqueles que são considerados subversivos pelo Estado e de Blade Runner, filme também dos anos 80 que se passa em um tempo futuro, trazendo as idéias do diretor de como seria a sociedade nos anos 2000.
Brazil deixa claro o crescente individualismo que caracteriza a sociedade de uma maneira geral, em uma cena, um restaurante é atingido por uma bomba, as pessoas que foram feridas estão no chão, enquanto outras, continuam fazendo o que estavam fazendo como se nada estivesse acontecendo.
Uma outra referência bastante clara, é a do livro de George Orwell, 1984, que mostra o Estado como grande observador dos cidadãos e de suas liberdades. A música "Aquarela do Brasil", que toda várias vezes, em diversas situações, é um encaixe perfeito pro filme, que nos apresenta um mundo de sonhos de Sam (Jonathan Pryce), o protagonista da história.